ATA DA QUINTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 18-01-2012.

 

 


Aos dezoito dias do mês de janeiro do ano de dois mil e doze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos, foi realizada a chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul Torelly, Haroldo de Souza, João Antonio Dib e Toni Proença, titulares. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceu o vereador Reginaldo Pujol, titular, e a vereadora Fernanda Melchionna, não titular. Após, foi apregoado o Ofício nº 042/12, do senhor Prefeito, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 010/09 (Processo nº 1533/09). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, emitidos no dia dois de janeiro do corrente; s/nº, do vereador Antonio Carlos Gomes dos Santos, Presidente da Câmara Municipal de Marcelino Ramos – RS –; s/nº, do vereador Ailton Noro dos Santos, Presidente da Câmara Municipal de São Miguel das Missões – RS –; nº 001/12, do vereador José Paulo Hahn, Presidente da Câmara Municipal de Dom Pedro de Alcântara – RS –; nº 001/12, do vereador Manoel Badke, Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria – RS –; nº 003/12, do vereador Márcio Soares Gomes José, Presidente da Câmara Municipal de Tramandaí – RS –; e nº 015/12, do vereador Dirceu Galera, Presidente da Câmara Municipal de Alto Alegre – RS. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Aldacir José Oliboni, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul Torelly, João Antonio Dib e Toni Proença e a vereadora Fernanda Melchionna. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Aldacir José Oliboni, DJ Cassiá, Reginaldo Pujol, Carlos Todeschini, este pela oposição, Dr. Raul Torelly e João Antonio Dib. Às dez horas e quarenta e sete minutos, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores titulares para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo vereador Haroldo de Souza e secretariados pelo vereador Carlos Todeschini. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Sr. 1º Secretário procederá à leitura das proposições apresentadas à Mesa.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO (Carlos Todeschini): (Lê as proposições apresentadas à Mesa.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Haroldo de Souza; colegas Vereadores e Vereadoras, público que acompanha a nossa Sessão Representativa no dia de hoje, quero iniciar minha manifestação, Ver. Proença, Dr. Raul, João Dib, exatamente por uma ação que foi muito comentada por muitos anos, e muitos governantes, muitos políticos duvidavam que o nosso Governo estava falando sério: trata-se da aprovação e promulgação da Emenda Constitucional n.º 29, Ver. Carlos Todeschini. Nós percebemos que, ao longo de muitos anos, por muitos governos, a Saúde nunca teve a prioridade devida, isto é, a União, Estados e Municípios, na sua grande maioria, não investiram um percentual de acordo com a necessidade dos Municípios, dos Estados e da União. Era preciso criar um mecanismo de obrigar União, Estados e Municípios a investirem um mínimo da Peça Orçamentária, e a Emenda n.º 29 passa a obrigar a investir, tanto a União, 10% de seu Orçamento, o Estado, 12%, e os Municípios no mínimo 15% dos seus Orçamentos.

Nós sabemos que Porto Alegre – não é de hoje, há muito tempo – já vem investindo mais do que 15%, porque a demanda é muito grande e porque grande parte dos Municípios do Interior acabam utilizando os serviços de Porto Alegre por ser um centro de referência no atendimento à saúde, Dr. Raul. Portanto, é fundamental que Porto Alegre, claro, tenha não só esse modelo à disposição dos cidadãos e cidadãs, até porque o SUS é universal. Mas, agora, com a promulgação da Lei através da nossa Presidenta Dilma, ficamos, de certa forma, orgulhosos ao saber que é necessário cumprir a Lei. Não dá para imaginar que a curto prazo, claro, os Governadores venham a cumpri-la, mas, a longo prazo, no máximo até o final de cada gestão, eu gostaria, Ver. Todeschini, que os Estados cumprissem o seu papel. Vejam só: no passado, o Rio Grande do Sul vinha investindo de 4% até, no máximo, 6%; agora, já em 2011, já investe mais de 8%, chegando a 12%. É muito recurso chegando para a área da Saúde; aí sim, podemos falar em planejamento a curto, médio e longo prazo, porque imaginar que os Municípios possam continuar com a sua “pilantropia”, com a sua ambulancioterapia, é lamentável, porque eles simplesmente compram uma ambulância e tentam deslocar seus pacientes para os grandes centros, não se comprometendo com o investimento de 15%. Creio que a promulgação da Emenda n.º 29 traz para nós todos um compromisso de fiscalização, onde os municípios têm que cumprir com o seu compromisso, o Estado também, e a União tem que distribuir melhor esses recursos. Com isso, nós vamos verificar que vai melhorar, sim, a ampliação dos PSFs, com mais equipes atendendo à população, com a ampliação das UPAs, tão faladas e tão pouco executadas.

Então, queremos ver esses recursos do Governo do Estado, os recursos da nossa Cidade, já que somos uma Capital referência, e que tenhamos, mais precisamente, os programas que são fundamentais para os cidadãos acessarem esses serviços.

Então, eu creio que essa iniciativa deu certo, obrigando Estados e Municípios a se programarem melhor, com programas de gestão, abrindo também concursos públicos para os trabalhadores. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Ver. Haroldo de Souza, Presidente da Casa, demais Vereadores, e todos que nos assistem, também quero referendar aqui as palavras do Ver. Aldacir Oliboni, dizendo mais: que a Emenda n.º 29 não permite maquiagens no Orçamento, porque a Governadora do Rio Grande do Sul, anteriormente, quis fazer crer que o Estado investia 6,5%, 7% do Orçamento em Saúde, e contabilizou a previdência do IPE, no Estado, que atinge um milhão de pessoas, que é uma previdência privativa dos servidores, não é do SUS; contabilizou os investimentos em saneamento, em especial os da Corsan; e contabilizou uma série de planos públicos contratados por órgãos como Municípios, empresas públicas, etc. Isso não vale.

A obrigação é 10% da União, 12% das receitas líquidas do Estado e 15% dos Municípios, sem maquiagem, porque se considerar sem maquiagem, nunca foi investido, por exemplo, no Estado do Rio Grande do Sul, mais do 3,5% em relação aos 12% que seriam investidos nos Estados. Portanto, as dificuldades verificadas na Saúde, as superlotações nas Emergências, a falta de leitos e tudo o mais têm, sim, uma origem, que é a precariedade dos investimentos.

Então, saudamos a aprovação e a regulamentação da Emenda n.º 29.

De outro lado, nós tivemos a bênção, por assim dizer, de termos tido uma chuva durante todo o dia de sexta e todo o dia de sábado. Isso veio a calhar no sentido de amenizar não só as altas temperaturas e o intenso calor que se tinha, mas também a estiagem que afetava de maneira drástica a agricultura e também os mananciais de abastecimento público, em especial os açudes e os poços subterrâneos dos Municípios do Interior do Rio Grande do Sul. Então, com a chuva de sexta-feira e do sábado, nós tivemos uma melhoria significativa, um alento, uma esperança para a vida dos gaúchos, para a agricultura e para a dessedentação dos animais, que já se encontravam em situação crítica. É uma situação que precisa ser enfrentada de forma preventiva, planejada, para que os efeitos sejam minimizados por ocasião desses fenômenos.

Agora, está circulando na TVCâmara, naquele programa Vereadores na Comunidade, um programa que fiz sobre a questão do Arroio Dilúvio. O Governo quer fazer crer na ideia de que o Guaíba será despoluído em 2013, 2014 – eu ouvi dizer até em 2012. Eu demonstrei nesse programa que não só não está sendo feito o que precisa ser feito como também há um retrocesso muito grande em função da omissão e dos abandonos que o DMAE fez. As nascentes do Dilúvio estão totalmente contaminadas, porque, mesmo tendo rede de coleta de esgotos, mesmo tendo emissários implantados, eles não receberam a operação, os cuidados e o olhar por parte de quem é responsável – no caso, o DMAE. E, nesse sentido, nós não estamos tendo nem o Dilúvio limpo, nem os esgotos coletados, e muito menos o Guaíba despoluído. Basta ver, é só se aproximar e ir até a margem do Dilúvio para ver a quantidade, a carga de esgotos remanescentes, ainda lançados sem qualquer tratamento, sem a coleta no Arroio Dilúvio. Fiquem atentos a isso. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores; Ver. Dr. Raul Torelly, quero aproveitar este momento em Comunicações e dizer ao Ver. Aldacir Oliboni, que tem a sua luta marcada na área da Saúde, que a Emenda n.º 29, Ver. João Antonio Dib, nosso Líder do Governo, demorou, como se diz na gíria – demorou mas saiu, de uma forma um pouco fantasiada. Ver. João Antonio Dib, nessa demora, muitas vidas se foram, por falta de investimentos na Saúde pública. Ver. Aldacir Oliboni, não só o Congresso, mas a nossa Presidente Dilma também incorporou esta luta da Emenda n.º 29. E quero aqui dizer que o Governo do Município, através da Secretaria da Saúde, administrada pelo Secretário Casartelli, não só cumpre os 15%, o que está agora na Lei, como já está em 20%, Ver. João Antonio Dib, Líder do Governo. A Secretaria da Saúde de Porto Alegre já está com 20% de investimento na área da Saúde – estamos chegando aos 20%. Agora, temos que nos alertar, Ver. João Antonio Dib e Ver. Dr. Raul Torelly, para onde está a parte maior da fatia do bolo: Governo Federal e Governos Estaduais. Falando especificamente do nosso Estado, salvo melhor juízo, hoje o Governo investe 6,5% na Saúde. Então, há uma diferença, mas acredito, tenho convicção de que o Governo Tarso vai recuperar, não tenho dúvida disso – é compromisso. O Ver. Carlos Todeschini está me dizendo isso aqui, e não tenho dúvida de que o Governo Tarso vai recuperar; vai sair dos 6,5% e deve chegar, no mínimo, até o final do ano, a uns 8%.

O Governo do Estado fazendo a parte dele, o Governo Federal fazendo a parte dele – e quero aqui parabenizar a Presidente Dilma – e o Governo do Município fazendo a sua parte, e já está fazendo – e é pouco, tem que se investir mais –, de 18% vai chegar a 20%.

A Emenda n.º 29, Ver. Aldacir Oliboni, infelizmente demorou, muitas vidas poderiam ter sido salvas; mas, felizmente, ela chegou. Está aí, hoje, um compromisso de os municípios, falando especificamente da nossa Cidade, aplicarem os 15%. Mas, repito aqui, o Governo do Município, a Secretaria da Saúde, na gestão do Secretário Casartelli, já está hoje investindo 18% na Saúde: 3% acima do que manda, hoje, a Lei. Muito obrigado, Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. RAUL TORELLY: Minha saudação ao nosso Presidente, Ver. Haroldo de Souza; aos Vereadores, a todos os que nos assistem. Tenho o meu mandato voltado para a defesa da vida e para a saúde das pessoas, que é meu foco principal. Acredito que tenhamos tido avanços importantes na cidade de Porto Alegre nesses últimos anos em relação, principalmente, à questão da nossa Saúde. Eu tenho acompanhado e participado de forma intensa disso, e assim vários Vereadores que mais diretamente se envolvem com a Saúde, como o Ver. Thiago, o Ver. Oliboni e tantos outros que são parceiros, porque temos, na realidade, o dever, já que estamos representando a nossa população, de fazer com que as pessoas tenham uma saúde melhor, com que o Sistema Público realmente funcione.

A regulamentação, como foi falado, da Emenda n.º 29, que, finalmente, após mais de dez anos, foi sancionada pela nossa Presidente Dilma, vem amenizar, infelizmente muito pouco, a situação da Saúde no País – precisaríamos de um avanço muito maior. Na realidade, quem está botando recurso, com essa regulamentação, são os Estados, que vão ser mais cobrados, e alguns Municípios que não aplicam os 15% – não é o caso de Porto Alegre, que, há vários anos, vem aplicando 19%, 20% na área da Saúde –, mas não deixamos de reconhecer que é um avanço. Queremos que isso seja revisto. Já vimos, nos vetos à Emenda n.º 29, da própria Presidente, a questão de o PIB poder ser o método de avanço nessa matéria, como está previsto. Ela foi, já, também, de algum modo, eliminada, vamos dizer assim; vai ser, simplesmente aquele avanço do PIB anual, e não vai ter como, em situações especiais, haver um aumento nessa matéria, que era um dos fatores previstos dentro da regulamentação da Emenda e que foi vetado.

Esta semana tivemos, em vários locais que eu considero importantes, ações e realizações na cidade de Porto Alegre. É o caso da visita que fizemos com o Prefeito Municipal em exercício, com o Tutikian, que é um dos responsáveis pelo Projeto do Cais, e com os empresários da Catsul, empresa que faze a travessia Guaíba-Porto Alegre, ao nosso projeto, já em implantação, pois em breve começarão as obras do Cais do Porto. Também estivemos vendo como funciona efetivamente o catamarã, que nos surpreendeu muito positivamente, em função da maneira tranquila com que faz a navegação - nesses tempos difíceis, tivemos recentemente um navio de grande porte tombado num cruzeiro pelo Mediterrâneo -, além disso, nós temos um excelente trânsito hidroviário, tranquilo. Senti-me extremamente bem, como um turista, praticamente, porque o catamarã é muito tranquilo, não tem nenhuma instabilidade, inclusive as pessoas se sentem muito felizes durante a travessia, porque não é uma coisa usual. É algo muito saudável e, com certeza, funciona tanto do ponto de vista turístico como do ponto de vista de transporte. Nós há estamos ali pleiteando, a própria Prefeitura está tratando desse assunto, para que esse transporte seja extensivo às ilhas a orla do Guaíba, tanto à Zona Sul como à nossa orla.

Estivemos também na UPA da Zona Norte, sobre a qual tivemos uma impressão muito boa; a Unidade está praticamente concluída, nos próximos meses vai ser inaugurada, equipada, o Grupo Conceição vai fornecer a parte dos recursos humanos. Então estamos avançando na área da Saúde.

Também estivemos na Arena do Grêmio, onde também ficamos surpreendidos positivamente, e a Câmara também teve ação nesse processo, porque está andando a pleno e deve estar pronta no final deste ano.

Acreditamos que a Cidade vem evoluindo e, com certeza, como não poderia deixar de ser, todos os Vereadores são participantes desse processo. Nós estamos juntos, estamos trabalhando muito e acreditamos que é o melhor para a Cidade, e inclusive agora em relação ao Socioambiental, em que também estivemos lá para dar uma olhada...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Presidente concede tempo para o término do pronunciamento.)

 

O SR. DR. RAUL TORELLY: ...que deverá trazer uma grande vantagem para Porto Alegre. No ano que vem teremos excelentes novidades em relação ao nosso esgoto da Cidade. Obrigado. Saúde para todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Estamos em recesso. Comunico aos Srs. Vereadores que, quando eu estiver na presidência, o tempo de cinco minutos será concedido aos Vereadores para falar e não será prorrogado. Isso ocorrerá, indistintamente, a qualquer Vereador e de qualquer Partido. A partir deste momento, está valendo esta decisão.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras. Evidentemente eu não vou tecer loas à aprovação da regulamentação da Emenda n.º 29 – com vetos, é verdade –, não vou tecer loas porque o Governo Lula, ao longo da sua administração, impediu a regulamentação dessa Emenda Constitucional n.º 29. Agora foi votada a regulamentação lá na Câmara Federal e no Senado.

Mas foi uma frustração para o povo brasileiro. Esperava-se que a União entrasse com 10% da sua arrecadação tributária, e não acontecerá isso. A União vai entrar com o mesmo valor do ano anterior, acrescido da variação nominal do PIB, e, como a variação nominal tem sido negativa, não tem acréscimo nenhum. Não são 10%, foi uma farsa. E mais uma coisa: o Governo só permitiu a votação no Senado vinculando a aprovação da DRU – Desvinculação de Receitas da União –, em que o Governo pode gastar 20% da sua arrecadação sem que haja vinculação orçamentária, pode gastar ao seu bel-prazer. É de se acrescentar que, no passado, no Governo Lula, o pouco que era atribuído à Saúde serviu, muitas vezes, para suplementar outras verbas.

Então, eu não tenho que tecer loas à aprovação da Emenda n.º 29. E, depois, eu devo dizer que, a partir do Governo Lula, Porto Alegre passou a receber menos dinheiro do SUS, sem considerar que a parte maior que vem para Porto Alegre, 52%, nos últimos dias de Governo do PT, foi passada para o Hospital de Clínicas. Agora exigem que os Estados coloquem 12% na Saúde. Do Município de Porto Alegre, não podem exigir nada, porque o Município coloca, como foi dito pelo Ver. Oliboni e pelos Vereadores que me antecederam, mais de 18%, e muitas vezes se apregoaram 20%. Então, não tem que exigir nada de Porto Alegre. Agora, o Estado apenas coloca 5%, e não tem como, não é má vontade do Governador, ele não tem como aplicar os 12%. Então, se é lei, ele vai ter que ser responsabilizado perante a lei por não cumprir o que é impossível de cumprir. Então, a União se safou do problema, não há mais o problema. Com o Senado do Renan Calheiros, do Jader Barbalho, do Sarney, do Romero Jucá, ela conseguiu sair e ainda conseguiu aprovação da DRU.

Então não tem nada que comemorar! O Brasil vai mal no atendimento da Saúde, mas não é por causa dos Municípios, é por causa da União, é por causa do Estado, que infelizmente não tem recursos para dar, e não é agora que eles não têm recursos. Já o Governador Olívio Dutra foi condenado na Justiça por não ter repassado recursos para Porto Alegre, foi condenado na Justiça. Assim, eu não estou vendo razões para alegria, porque, para mim, é só tristeza: a Saúde vai continuar mal no País, porque a União – todos os recursos que são arrecadados vão para lá, na maior parte – distribui da maneira que quer, inclusive agora, podendo utilizar 20% da melhor maneira que aprouver ao Governo. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Obrigado, Ver. João Antonio Dib.

 O Ver. Toni Proença está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. TONI PROENÇA: Bom-dia, Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; quero cumprimentá-lo pela condução dos trabalhos. É a primeira vez que ocupo esta tribuna em 2012, e quero lembrar que eu sou Vereador e Líder da Bancada do Partido Pátria Livre – PPL. Fui Vereador pelo PPS até o dia 6 de outubro de 2011, Partido em que deixei muitos amigos e uma boa luta pelas transformações que é preciso fazer pela sociedade, mas hoje milito no Partido Pátria Livre, que tem uma vocação nacional desenvolvimentista e que teve o seu registro homologado em outubro de 2011.

Gostaria de aproveitar a minha fala de hoje no período de Comunicações para fazer uma saudação especial à Prefeitura Municipal de Porto Alegre e à Secretária Municipal de Saúde. Graças à reconsideração do Desembargador Marco Aurélio Caminha sobre a liminar que ele havia concedido para impedir a constituição do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família – IMESF –, foi permitido que esse instituto se instalasse. A partir dessa reconsideração, a Secretária Municipal da Saúde entendeu de fazer uma assinatura simbólica das carteiras de trabalho dos agentes comunitários de saúde na segunda-feira, anteontem, às 15h. Foram assinadas as carteiras de trabalho daqueles agentes, que estão protegidos pela Emenda n.º 51, Ver. Oliboni, dando a eles uma condição digna de relação de trabalho, com todos os direitos que a CLT exige e impõe. Os quase 260 agentes comunitários de saúde protegidos pela lei ficaram muito satisfeitos com essa possibilidade. Os outros agentes farão concurso; o Edital já saiu. Aqueles que hoje são agentes comunitários de saúde são favorecidos com pontos na prova de títulos do concurso, para não terem desperdiçado todo esse período em que se dedicaram à saúde da população de Porto Alegre.

Então, eu queria saudar essa possibilidade, Ver. João Antonio Dib, Líder do Governo; Ver. Dr. Raul, que é militante na saúde em Porto Alegre. Queria saudar essa oportunidade, porque, além de termos hoje um instrumento, uma ferramenta para melhorar as condições do Programa de Saúde da Família, ampliar equipes e melhorar as condições de atendimento à população, temos também uma ferramenta para construir uma relação digna de trabalho com todos os trabalhadores da Saúde, agentes comunitários, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos na cidade de Porto Alegre que militam no Programa de Saúde da Família, um programa fundamental para aliviar o acúmulo de trabalho nos postos de saúde e nos hospitais da rede pública em Porto Alegre. Portanto, eu quero saudar essa possibilidade com muito entusiasmo, e, a partir de agora, estaremos todos muito atentos ao trabalho que o instituto vai fazer em Porto Alegre. Demos o primeiro passo ao propor e aprovar o instituto; o Ver. Dr. Raul foi o Relator dessa Lei que o aprovou. Nós militamos aqui na Casa, aprovamos a Lei, o Governo fez a parte dele, construiu o instituto, e agora nós vamos, Dr. Raul, ficar muito atentos ao seu trabalho, para ver se vai acontecer a nossa expectativa de que o problema de saúde da família melhoraria mesmo em Porto Alegre.

 

O Sr. Aldacir José Oliboni: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Rapidamente, eu saúdo o colega Toni Proença, que fala sobre essa questão da Saúde, principalmente, sobre essa questão do IMESF; no dia 23, será julgado o recurso do Governo Municipal. Nesse sentido, estamos acompanhando atentamente para que, de fato, termine essa novela e Porto Alegre amplie as opções de atendimento à população.

 

O SR. TONI PROENÇA: Muito obrigado pelo aparte. Encerro aqui o meu pronunciamento, agradecendo a atenção de todos. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, colegas Vereadores, Vereadoras, colegas da Casa, funcionários, há dois temas que, de fato, preocuparam-me bastante esta semana. Primeiro, Ver. João Antonio Dib - que sempre falou da regulamentação da Emenda Constitucional n.º 29 nesta tribuna - a manobra que houve para que os valores não ficassem tão altos e ficasse apenas a variação do PIB. Extremamente temerário, porque a verdade é que o valor foi a 86 bilhões, investimento para 2012. Mas o aumento não chega nem a 5%, nesse caso, e fica à revelia das variações, das estabilidades financeiras brasileiras, quando a Saúde é um caso muito sério no Brasil.

Ontem nós vimos cenas absolutamente preocupantes do pronto-socorro de Maceió, e assim tem sido no Brasil inteiro, com o problema das emergências superlotadas, da dificuldade do atendimento das especialidades. A lei é bastante rígida com os Estados e Municípios, e nós somos favoráveis a isso; o Estado tem que investir 12% sem incluir outras obras como, via de regra, vinham fazendo vários Governos para burlar e ampliar esse percentual incluindo obras de saneamento, outras obras como gastos em Saúde. Os Municípios têm que gastar 15%, mas o Governo Federal também deveria ter se comprometido com os 10%, que era a ideia original; 10% do Orçamento brasileiro seria um aumento real nas verbas da Saúde pública em todo País. Nesse sentido é progressivo que tenha uma legislação votada, mas que ao mesmo tempo avança pouco, Rogério, nos recursos a serem investidos em todo o Brasil.

O segundo tema diz respeito à Cultura na nossa Cidade. Nós estamos vendo a restrição dos espaços culturais; nós estamos vendo que para 2012 o Governo prevê menos de 1% do Orçamento para investimento em Cultura, que é tão importante para todas as áreas, que é importante como forma de expressão da cultura, do lazer, da atividade artística da juventude, da população, e que também é uma forma, inclusive, de se chegar antes nos jovens da periferia que, muitas vezes, acabam sem ter nenhuma perspectiva nos seus locais de moradia, porque a escola é um turno só, porque falta emprego para a juventude, porque é necessário que se avance nos equipamentos culturais, inclusive como forma de valorizar as expressões culturais da juventude.

Entretanto, nós estamos vendo um verdadeiro desmonte dos equipamentos culturais fundamentais da nossa Cidade. O caso da interdição do Gasômetro - é verdade, foi liberado -, foi irresponsabilidade pura da Prefeitura no que diz respeito ao plano de prevenção de incêndios, muito importante para proteger a população, que estava vencido colocando em risco os usuários que visitam aquele belo equipamento e , inclusive, os 52 grupos de teatro que constroem a Usina da Artes transformando a Usina num dos espaços de cultura em Porto Alegre.

Outro espaço é o Araújo Vianna. Várias vezes, eu vim a esta tribuna criticar a privatização, porque todos nós lembramos como o Araújo Vianna era popular. Quando eu vim morar em Porto Alegre em 2001, os shows de lançamento dos músicos porto-alegrenses, os grandes shows nacionais vinham a preços módicos, Ver. DJ Cassiá, para o Araújo Vianna, baratíssimos! Infelizmente, a Prefeitura optou pelo modelo de privatização, e quando reabrir terá ingressos parecidos como o dos grandes shows da Cidade que, via de regra, custam mais de 100 reais tolhendo um setor importante da população de usufruir desses bens culturais.

Outra questão é a do próprio investimento nas áreas e nos espaços da Cidade que são também espaços de manifestações culturais, como a restrição do Largo Glênio Peres para as manifestações culturais e populares. Acho extremamente temerário que se tire Porto Alegre das pessoas, porque se as pessoas não podem usar os espaços públicos para as suas manifestações de todas as formas, daqui a pouco Porto Alegre vai estar muito restritiva.

Nesse sentido, nós estamos esperando a sanção de dois projetos: o Projeto do Ver. DJ Cassiá, da meia-entrada, aprovado por unanimidade nesta Casa, que é um Projeto importante para a juventude, e o nosso Projeto – o da Cidade, porque não é nosso –, Ver. Toni Proença, do Plano Municipal do Livro e da Leitura, que são importantes para avançar na cultura em Porto Alegre e para tentar transformar em política de Estado as ações de leitura.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Haroldo de Souza; colegas Vereadores e Vereadoras, Procuradores que se encontram aqui para conversar com as bancadas a respeito do Projeto de Lei no qual eles buscam maior regramento e transparência nos projetos do Executivo. Portanto, vamos recebê-los em seguida.

Eu queria também dizer que há alguns que puxam a corda para baixo. Eles ficam esticando a corda para que ela rebente mais fácil. Antes, procuravam reforçá-la para que ela fosse mais consistente, que é o caso da aprovação da Emenda n.º 29. Uma vez aprovada, já trazem um mundão de coisas negativas. Foi recém-sancionada! Parece que há pessoas no mundo da política que enxergam, que veem, mas não querem ver. Infelizmente, no mundo da política acontece isso.

Nós temos que louvar as iniciativas, porque uma iniciativa pode até ser razoável, mas ela pode ser melhorada ao longo dos anos. Não me digam que a Emenda n.º 29 não é importante para o cenário nacional, para comprometer a União, os Estados e os Municípios a investirem o mínimo para o conjunto de atendimento à população brasileira? É louvável isso! Claro que precisa fiscalização dos parlamentares, do Ministério Público em comprometer inclusive os Estados, Municípios e a própria União, porque eles podem cair na improbidade administrativa! Vamos ver o que vai dar; e não é só ver o que vai dar, vamos cobrar para que isso, de fato, aconteça.

Um exemplo semelhante é a questão dos pedágios. Olhem só o que acontecia no Rio Grande do Sul: as concessionárias diziam que não podiam jamais baixar o valor! Pelo contrário, estavam tendo déficit! A Univias diz agora para o nosso Governo que não só pode baixar como pode concordar com a extinção da praça de Farroupilha. Vejam o contraditório! Nós precisamos compreender que se pode ganhar dinheiro não explorando os outros, mas trabalhando honestamente, sem ficar imaginando que, a cada ano, essas entidades, essas concessionárias possam estar ganhando cada vez mais. Porque nós percebemos que a cada ano quase um milhão de carros são acrescidos na frota do Rio Grande. Mas está claro, está evidente, Ver. Todeschini, que o sucesso, que o lucro está visível. Por que não abrir um diálogo de compreensão para poder mostrar à população que não precisar explorar? É preciso compreender que os pedágios federais cobram bem menos, que os pedágios comunitários cobram bem menos e que é preciso abrir o diálogo para se estabelecer no mercado, porque senão nós compreendemos que é preciso, sim, abrir um processo licitatório para renovar isso, para mudar o modelo que aí está, e não imaginar que esse modelo, sem compromisso de ampliação, de duplicação, de investimento, possa continuar como está. Nós temos que compreender que o Rio Grande do Sul, de uma forma geral, está gritando, está reclamando que são muitos os impostos, são muitas as taxas e agora, no verão, que o povo brasileiro viaja muito mais, se percebe que, numa pequena distância, são muitos os pedágios existentes. Lamentavelmente não é possível continuar como está, é preciso rever o modelo, é preciso rever os valores e é preciso compreender que a sociedade não quer mais esse tipo de exploração: lucro para alguns e para os outros juros maiores e maior taxação. Nesse sentido, com certeza, estamos apoiando a iniciativa do Governo do Estado de abrir o diálogo, de abrir a ideia de que é preciso negociar, de que é preciso investir em uma nova modalidade, caso contrário, o cidadão fica penalizado a cada momento. Nesse sentido louvamos a iniciativa do Governo do Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, quero aqui, Ver.ª Fernanda, me manifestar a respeito de alguns dos temas que a senhora levantou desta tribuna, há poucos instantes, nesta manhã. Também quero dizer aqui, Ver.ª Fernanda, que sou incansável na luta pela educação de qualidade, porque a educação é fundamental. Um bom médico, um bom professor, enfim, tem que passar por uma educação de qualidade, mas aqui, hoje, quero mais uma vez tocar em um tema que neste País não vejo ser discutido frequentemente ou sequer levado às tribunas dos Parlamentos, que é a questão da cultura neste País. Parece que a cultura não faz parte da prevenção, parece que a cultura não está no dia a dia das pessoas, Ver. Reginaldo Pujol! Ora, se discute tanto prevenção, se discute o que é o crack, o que é isso e o que é aquilo, que ele está avançando, mas não se vê a prevenção, e a cultura também faz parte disso. Quero dizer aqui, Ver.ª Fernanda, que faltam recursos – re-cur-sos – para as Secretarias de Cultura dos Municípios, mas também têm Secretarias de Cultura que não têm projetos! A cultura não pode ficar demarcada pelo Carnaval, pelo qual eu tenho um grande respeito; pela Feira do Livro, pela qual eu tenho um grande respeito, e pela Semana Farroupilha, pela qual eu também tenho um grande respeito. A cultura é muito mais! A cultura não pode ficar restrita a datas festivas anuais; a cultura tem que acontecer no dia a dia do jovem, do adolescente e também do idoso. E eu não vejo se discutir profundamente sobre um investimento maior na área da cultura. Eu gostaria, Ver. Oliboni – e vou ser incansável em, pelo menos, gritar, em berrar no sentido de que se invista mais em cultura –, que a cultura fosse descentralizada, ou seja, que, além do Araújo Vianna, que é um símbolo, tivéssemos um Araújo Vianna lá na Vila Cruzeiro, no Morro da Polícia, na Vila Campo da Tuca, nos bairros Restinga e Rubem Berta, pois, aí, sim, eu começaria a acreditar que aqui se começou a levar mais a sério a prevenção e a cultura.

Quero dizer também que os maiores arrecadadores não são os Municípios. Então, os recursos ficam com quem? Ficam lá em Brasília!

E vou falar aqui mais uma vez sobre a famosa Petrobras. Algum dos senhores e das senhoras viu em alguma comunidade, em algum bairro, uma placa da Petrobras dizendo “A Petrobrás está presente neste evento ou neste movimento cultura?” Algum dos senhores viu isso? Ajudem-me: viram isso alguma vez? E a Petrobrás patrocina não pouca coisa, mas não patrocina onde deveria patrocinar, ou seja, lá dentro das favelas, dentro das comunidades. É lá que deveria ser investido, e não patrocinar artistas da Globo e outros mais. Terminou o meu tempo, muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, senhoras e senhores Vereadores, estou vindo de uma visita feita conjuntamente com o Presidente da Câmara – hoje, no exercício da Prefeitura Municipal – ao viaduto Otávio Rocha, que é, frequentemente, objeto de intervenções aqui na Casa, especialmente produzidas pela Associação de Permissionários que atua naquele próprio municipal. Acho que a visita, se mais consequência não trouxe – e não trará –, ao menos confirma as colocações que se têm levado às autoridades municipais quanto à necessidade de se fazer uma forte intervenção naquela área, especialmente tendo em vista o seu valor histórico e, sobretudo, o seu enquadramento na paisagem urbana da Cidade.

Minha querida Ver.ª Fernanda Melchionna, Vossa Excelência, por largo tempo, morou na Rua Duque de Caxias e conseguiu conviver com o Viaduto, olhando-o de cima para baixo. Já eu me encontro na situação inversa: morando aqui no antigo bairro Cidade Baixa, hoje integrado ao Centro Histórico de Porto Alegre, tenho, na parte inferior do Viaduto da Borges de Medeiros, uma passagem quase que obrigatória no meu deslocamento, tanto a pé, quanto de veículo. Então, nós não desconhecemos quantos têm contado a existência de problemas que já estão quase diplomados, porque já têm uma duração que se alonga no tempo, Ver. DJ Cassiá, V. Exa. que fez um belo pronunciamento a respeito de um tema, também muito presente, que é a preservação da cultura, a sua intensificação, especialmente a cultura regional.

Por isso, eu quero, da tribuna, salientar que, reconhecendo o trabalho que a SMOV começa a fazer, de recuperação do piso das calçadas do passeio público do nosso Viaduto Otávio Rocha, atividade essa que vem em boa hora... Até porque, ontem, eu recebi na minha casa uma correspondência do Centro Administrativo do Centro da Cidade, dentro do Projeto da Recuperação dos Passeios Públicos, fazendo algumas afirmações – eu fiquei até assustado, pela veemência –, e o primeiro impulso que tive ontem à noite, quando li essa correspondência, Ver. Dib, V. Exa. que é o mais competente Líder que o Governo já teve na sua história aqui na Casa, foi o de reafirmar a opinião que tenho, a qual V. Exa. conhece bem. Na minha opinião, o Governo não tem a menor autoridade para cobrar dos particulares, – e até discutíamos isso outro dia, não é, Ver. Todeschini? –, quando ele não faz a sua parte. Então, nesse próprio trecho, hoje, a recuperação do Viaduto Otávio Rocha está sendo feita lentamente. Eu disse lentamente, porque precisa ser lento mesmo, por ser um trabalho quase que artesanal, é peça por peça que precisa ser substituída. Quando quebra um pedacinho de um ladrilho daqueles, é preciso que outro o substitua, não dá para recompô-lo, porque ele forma um mosaico, um desenho, que não permite esse sequenciamento que, normalmente, seria possível. Então, aquele desenho maravilhoso, que todos nós já conhecemos como é bonito, característico da área, tem uma conservação muito complicada; como, também, é a conservação do passeio do Cinema Capitólio, que foi refeito há dois, ou três anos, e que hoje já se encontra em situação deplorável. Acho que nós vamos ter que repensar esse conceito de passeio público, essa própria Lei que responsabiliza exclusivamente os proprietários com a sua conservação. O próprio nome já diz: passeio público. Ou seja, o público utiliza aquela área. Imaginem se a moda pega. Daqui a pouco, vão querer que a gente conserve a rua, a pavimentação, por onde passam os veículos.

Eu acho que já se transfere em demasia para a sociedade uma série de incumbências, então, nós deveríamos ter um pouco mais de cautela, especialmente na colocação dos termos que eu vi numa correspondência que me foi enviada, a qual, inclusive, aponta que na calçada à frente do meu prédio teria irregularidades. E eu estou convidando o Secretário de Obras para ir lá, fazer uma vistoria e me dizer qual a irregularidade que há, porque nós fizemos tudo que tinha que ser feito. Porque pegam uma carta igual e mandam para “gregos e baianos”...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras; Ver.ª Fernanda Melchionna, obrigado pela concessão do espaço; pela oposição, Ver. Oliboni; Srs. Procuradores da Procuradoria-Geral do Município de Porto Alegre – qualificada Procuradoria, com seus valorosos profissionais; o Ver. Reginaldo Pujol levanta aqui um tema muito interessante, que é a questão da conservação dos passeios públicos e dos passeios dos logradouros que pertencem à obrigatoriedade de manutenção por parte do Município. Podemos aqui citar casos emblemáticos: o Calçadão da Rua da Praia, por exemplo, o Largo Glênio Peres, bem como outras praças que estão em condições muito precárias. Há poucos dias, o Ver. Bernardino protocolou um projeto aqui – penso eu, de forma provocativa – que fará com que, se aprovado, a responsabilidade da manutenção das calçadas de todos os passeios da Cidade seja repassada também ao Poder Público Municipal, sob a alegação de que o Município já arrecada muitos impostos. Eu não acredito que isso prospere, porque o Município já não consegue dar conta de manter os espaços, os passeios, que são de sua obrigação, esses que eu citei antes: Rua da Praia, Largo Glênio Peres, Praça Rui Barbosa e o entorno, e os passeios dos principais parques, praças e espaços públicos que estão em condições muito, muito, muito ruins mesmo e que representam riscos ao cidadão, ao caminhante. Os procuradores devem saber a quantidade de ações que o Município tem que responder por acidentes provocados – pessoas que se lesionam – em função dos passeios com defeito. Então, Ver. Pujol, eu me daria por satisfeito se o Município cumprisse a obrigação que tem de cumprir, que é a de zelar pela qualidade dos passeios que são de sua responsabilidade, para que as pessoas que estão em deslocamento a pé tenham a garantia de que vão caminhar e não vão se machucar, não vão se lesionar. São muitos casos, passam de sete, oito, dez, centenas mensalmente. Uma parte recorre e busca reparação de danos na Justiça, outra parte nem busca nada, simplesmente vai ao Pronto Socorro e se recupera da lesão em silêncio. Portanto já há cinco, quatro, três, dois anos eu vejo lançamento de campanhas. Houve uma campanha que foi lançada pelo ex-Secretário da SMOV em que se distribui boné, camiseta, sobre a Calçada Legal e tal, mas até agora muito pouco ou praticamente nada foi feito. E essa é uma questão do maior interesse da Cidade. Mas sequer as diretrizes, por exemplo, para recuperação, para uniformização dos passeios da Rua da Praia, naquilo que é o tocante aos particulares, foi feito. Portanto as pessoas poderiam embelezar, recuperar, ter os passeios em melhores condições, mas o Município ainda não liberou as diretrizes para que eles possam executar as obras de recuperação e de qualificação dos passeios públicos. De outra parte, nos 30 segundos que me restam, nós temos aqui os procuradores, a quem vamos atender em seguida, que trazem uma ideia que já protocolaram aqui, através da SMAM, um projeto muito importante para a valorização e para o fortalecimento republicano deste instrumento do Município, que é a Procuradoria, diminuindo a burocracia, agilizando os processos e qualificando os pareceres para que o Município possa ser cada vez mais eficiente. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. RAUL TORELLY: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Srs. Vereadores, público que nos assiste, vou falar sobre um assunto com que tenho envolvimento desde que sou médico, que é a drogadição.

Infelizmente é uma matéria que vem se acentuando no nosso País, principalmente com a epidemia do crack, e estamos vendo, a todo momento, indícios disso em nível regional, em nível nacional e na nossa Cidade. Agora esse desmanche da cracklândiaé um exemplo grande, para a cidade de Porto Alegre, no seu enfrentamento. Temos que enfrentar essa situação. E enfrentar a situação significa se preocupar com o tratamento dessas pessoas, com o tratamento dos usuários, dos dependentes químicos. A sociedade vem se preocupando com isso, e o Poder Público vem ampliando leitos, direcionando-se para o atendimento de pessoas nessa situação, mas ainda estamos muito aquém do que precisamos. É uma batalha muito longa, porque estamos tratando de uma situação que muitas vezes, individualmente, vai perdurar para a pessoa evolvida pelo resto da sua vida – uma deterioração física e mental. Nós precisamos, como sociedade, nos livrar da drogadição e suas consequências.

Infelizmente o Brasil está cercado dos grandes produtores de cocaína do mundo. Temos, na nossa América do Sul, o Peru, a Bolívia, sem falar na Colômbia, enfim, e, apesar de não sermos um grande produtor de drogas, somos um grande mercado para essas drogas e fonte de transferência – através dos aeroportos, das nossas fronteiras, enfim, para todo o mundo – da cocaína que anda circulando por aí e que se transforma não só na cocaína refinada, mas também na cocaína impura, como é o caso do crack, do óxi, da merla, enfim, de derivados piores ainda do que a própria cocaína pura. A produção desses derivados vem fazendo com que se barateie o vício, e, em vez de ser uma coisa feita por poucas pessoas, passa a ser o varejo, vamos dizer assim. A gente tem oportunidade de presenciar... Por exemplo, quem conhece as nossas vilas populares... em algumas delas, entra-se numa quadra e já se vê um grupo cercado de pessoas que estão consumindo o crack. Isso é muito triste! Como médico, tenho visto, ao longo de 30 anos de trabalho, situações de emergência, todas elas de emergência. Como Vereador, coloquei um Projeto, aqui na Casa, criando, em Porto Alegre, a internação involuntária dos usuários e dependentes químicos de drogas. Essa é uma situação que já se discute nacionalmente porque não podemos esperar até que o drogadito, o usuário queira ser internado. Enquanto isso o que acontece? Ele está prejudicando a si próprio, toda a sociedade, a família. Então, precisamos acelerar o processo de tratamento e de socialização dessas pessoas, e isso só se faz com uma medida firme, com laudo médico, por pessoa responsável, que é a internação involuntária. Gostaria de deixar isso na mente também dos nossos colegas Vereadores para que possamos aprovar essa iniciativa, que, com certeza, vai ser uma iniciativa também nacional.

Muito já participamos de situações que envolvem a drogadição e já visitamos o próprio Hospital São Pedro – quem já esteve lá sabe bem da enfermaria onde se veem crianças consumidoras de crack – e outras clínicas aqui em Porto Alegre, fazendas terapêuticas, enfim. Tive inclusive a oportunidade de, como médico, auxiliar em algumas delas, por vários anos; vi a dificuldade que é, e que tratamos com o controle dessas pessoas, muitas vezes não com a sua cura. Mas vamos continuar trabalhando, o que é muito importante. O caminho está aberto pela frente, vamos melhorar a vida das pessoas e acabar com a...

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente Haroldo de Souza, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, de tudo que aqui foi dito, em resumo, parece que a única coisa boa que aconteceu neste País e nesta Cidade foi a regulamentação da Emenda n.º 29.

É claro que eu coloquei as minhas dúvidas e agora vou fazer uma pergunta. Quantos bilhões de reais foram acrescidos para o atendimento, na Saúde, do País? Gostaria desta resposta, daqueles que tanto elogiaram a regulamentação da Emenda, que foi uma fraude para o País.

Alguns anos atrás, os muros das nossas cidades, prédios, levavam uma frase: Fora FMI! Nos oito anos da administração Lula foi feito um passe de mágica, e o País passou a emprestar dinheiro para o FMI. Aquele Partido que queria o FMI fora prestigia o FMI. Tanto é que tem 350 bilhões de dólares em reservas no Fundo Monetário Internacional. Mas como esses 350 bilhões chegaram lá? Por conta de títulos das letras do Tesouro.

O ex-Presidente Clinton está dizendo que o melhor lugar para investir no mundo é o Brasil. Claro, investem e recebem 10%, 12% ao ano sobre os seus investimentos. E não são investimentos produtivos, são investimentos financeiros. E o Brasil recebe, dos seus 350 bilhões de dólares, 2% ao ano. Dólares que foram comprados com letras do Tesouro Nacional.

Ora, se esses 350 bilhões fossem repatriados, nós deixaríamos de pagar, no mínimo, 35 bilhões de dólares, anualmente. Se investíssemos esses 35 bilhões de dólares na Saúde, bom, aí eu ficaria muito feliz, dizendo que realmente a Saúde no País está sendo resolvida, porque 35 bilhões de dólares são mais de R$ 50 bilhões. O Brasil tem tanto dinheiro arrecadado no Governo Federal, que o superávit primário permite pagar R$ 250 bilhões, anualmente, de juros em razão das Letras do Tesouro. É por isso que eu sou pessimista quanto à regulamentação, que foi frustrante, não só para este Vereador, mas para muitos Deputados Federais, porque votaram uma coisa e o Senado aprovou outra.

Só tem que ficar frustrado, a Saúde não vai melhorar no País, porque os recursos não vão ser ampliados por quem deveria ampliar. Estão querendo exigir dos Estados, mas, quanto aos Estados, nós sabemos que nenhum deles aplica os 12%; não é um fato novo que tinha que ser 12%, já era assim; não aplicavam porque não tinham; não é por má-vontade: é por dificuldade. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Um especial bom-dia às meninas da Taquigrafia, sempre atentas e brilhantes. Um bom-dia a todos. Estamos encerrando os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Reunião às 10h47min.)

 

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